A 10.ª edição do Benguela Fashion Week, realizada no passado sábado, 28, no Museu de Arqueologia, levou à passarela o tema “Raízes do Futuro”, unindo tradição e modernidade num desfile que homenageou a ancestralidade angolana com toques contemporâneos. A organização esteve a cargo da multifacetada Victória Garcia, figura reconhecida na promoção da moda no país.

Em entrevista exclusiva à Revista Chocolate Lifestyle, Victória revelou o sentimento de missão cumprida por estar a deixar um legado na moda nacional. “Sinto-me extraordinariamente bem, porque é sempre bom deixarmos um legado. E com certeza que eu estou a deixar”, frisou.
Com a participação de 10 estilistas e 40 manequins, o evento celebrou os dez anos de existência com nomes como Márcia de Almeida, G-Stell, Billiuz Stylist e Jojó Gomes. Contudo, para Victória, a comemoração não esconde a realidade preocupante da indústria da moda em Angola.
A organizadora não poupou críticas: “Em Angola, infelizmente, não temos desenvolvimento nenhum na indústria têxtil. A moda aqui está de muletas, de rastos. Não existe desenvolvimento porque não temos uma indústria têxtil funcional”. A afirmação direta denuncia o cenário de estagnação e a necessidade urgente de investimento para transformar o sector.
Apesar do desabafo, a edição “Raízes do Futuro” demonstrou que, mesmo sem uma base industrial sólida, há criatividade, talento e vontade de fazer moda com identidade e propósito em solo angolano.






Texto: Gracieth Issenguele
Fotografias: Paixão Lemba