Já foi o tempo em que baunilha, rosa ou limão-siciliano ditavam as tendências da perfumaria. Em 2025, o cheiro mais desejado é… tomate. Isso mesmo. O vegetal que sempre brilhou nos pratos agora assume um protagonismo inesperado nas fragrâncias mais cobiçadas do momento.

A moda do cheiro comestível teve origem durante a pandemia, quando o isolamento reacendeu a vontade de nos ligarmos à natureza. Os aromas verdes e frescos invadiram casas, velas e sprays. Depois, com o fenómeno tomato girl no TikTok, o tomate deixou de ser apenas ingrediente e passou a ser lifestyle — um charme fresco, nostálgico e fotogénico.
Marcas como Loewe e Flamingo Estate foram pioneiras ao colocar o tomate nas prateleiras do luxo. Logo a seguir, vieram pesos-pesados da perfumaria como a Maison Margiela com o seu From the Garden e a L’Artisan Parfumeur com uma linha inspirada em vegetais. A tendência chegou ao mainstream com a Bath & Body Works e a sua linha Off the Vine, recheada de folhas de tomate, musgo e gerânio.

Esta nova era da perfumaria mergulha no universo gastronómico: ruibarbo, miso, chá-verde, pimenta rosa e até massa crua são os novos ingredientes olfativos que evocam conforto, autenticidade e uma certa sensualidade despretensiosa. O luxo já não precisa cheirar a Dubai — basta lembrar a horta da avó.
Curiosamente, estudos recentes apontam uma ligação entre essa procura por aromas alimentares e o uso de medicamentos como o Ozempic. Com a perda do apetite, o cheiro da comida preenche o espaço emocional e sensorial que a refeição deixaria.
Mais do que tendência, cheirar a tomate tornou-se símbolo de bom gosto, auto-cuidado moderno e conexão emocional com o que é simples. É uma nova sensualidade, despida de pretensões e recheada de autenticidade. Porque, afinal, o luxo de hoje é cheirar a natureza – e partilhar no Instagram.

Texto: Gracieth Issenguele