Reconhecido pela sua irreverência artística e forte presença cultural, Dog Murras é o gentleman da semana da rubrica “Flash Masculino” da Revista Chocolate Lifestyle. Nesta edição, o músico e ícone da cultura angolana revela a essência do seu estilo afrocentrado, onde cada peça é uma afirmação de identidade, história e sofisticação africana. Com um olhar apurado para os detalhes e uma consciência estética alinhada à ancestralidade, Dog Murras demonstra que a moda pode – e deve – ser uma extensão da alma e do legado de um povo.
Perfume de eleição?
Hoje, os Ouds amadeirados das arábias são as fragrâncias que desafiaram a minha visão egocêntrica e conectaram-me à riqueza olfativa de novas culturas.
Acessórios preferidos?
Adorno-me com colares e pulseiras artesanais que combinam ouro, cabedal, madeira talhada e lenços feitos de tecidos africanos tradicionais como Ankara e Kente – elementos que acrescentam autenticidade aos meus visuais.
Como define o seu estilo?
O meu estilo é, atualmente, é 70% afrocentrado e intencional. Misturo cortes contemporâneos com elementos tradicionais africanos. Celebro a sofisticação do design multicolorido do nosso continente e a nossa capacidade de dialogar com o mundo sem perder as raízes.
Quando começou a interessar-se por moda?
Desde a infância, inspirado pelos imigrantes congoleses do meu bairro. As roupas coloridas e simbólicas que usavam despertaram em mim o interesse pela moda como uma forma de expressão cultural.
Acompanha as novas tendências?
Sim, acompanho, mas dou mais valor à autenticidade do que às tendências passageiras. Prefiro investir em peças intemporais, criadas por estilistas africanos que contam histórias em cada pormenor.
Normalmente, onde faz as suas compras?
Em ateliers de estilistas africanos, onde tudo é feito à medida. Evito o fast fashion e priorizo marcas locais e de outros países africanos que preservam técnicas ancestrais.
Marcas e criadores preferidos?
Admiro designers que reinventam a estética africana, como os que trabalham com bogolan ou kitenge. Hoje sou mais consciente e deixei de me apegar a nomes – valorizo mais o propósito por trás de cada peça feita à mão.
Cinco peças fundamentais no seu guarda-roupa?
- Um dashiki em algodão estampado, para eventos culturais.
- Ternos feitos com tecidos africanos e bordados manuais.
- Uma túnica senegalesa em linho, leve e versátil.
- Calças sociais com padrões geométricos inspirados na arte Ndebele.
- Ternos de alta-costura, para ocasiões mais solenes.
Look preferido para um dia de trabalho?
Depende do tipo de trabalho. No campo, uso camisola com gola em V, calças de ganga e ténis de alta-costura. Para o escritório, opto por um terno slim em algodão cru com forro em ankara, camisola com gola em V e sapatos sociais em couro artesanal – uma sofisticação discreta com um toque africano.
Que peça de roupa gostaria de experimentar e nunca teve coragem ou oportunidade de usar?
Um grand boubou completo, em tecido bordado a ouro, típico da nobreza saheliana. É uma peça imponente, carregada de história, que exige ocasião e confiança. Ainda espero pelo momento certo para a usar com a reverência que merece.
Texto: Gracieth Issenguele
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