Para Eduardo Ngola, a moda nunca foi apenas estética — é um manifesto silencioso de quem se é, de onde se vem e para onde se quer ir. Fundador da marca Edú Veste, sediada em Benguela, este criador angolano de alta costura redefine o luxo com raízes africanas, propondo peças sob medida que vestem o corpo com precisão e a alma com orgulho.

“Nunca te esqueças de quem és, mesmo quando o mundo tentar moldar-te ao contrário” — esta é a frase que norteia o seu percurso. Inspirado desde cedo pelas memórias familiares e pelas referências visuais de líderes africanos e músicos que conjugavam elegância com identidade, Eduardo fez da autenticidade o pilar da sua marca. A Edú Veste não é apenas uma casa de moda: é uma plataforma de expressão cultural, um movimento de reinvenção da tradição africana com sofisticação global.
A missão de Eduardo vai além da costura. Para ele, cada peça é uma narrativa. “O que procuro captar primeiro é a alma do cliente”, afirma. Através de escuta atenta, observação e diálogo, transforma desejos, inseguranças e memórias em roupas que representam — verdadeiramente — quem as usa. O resultado? Uma experiência de autoestima e identidade elevada. “É alta costura com alma”, reforça.

Mesmo diante dos desafios de empreender num mercado instável, Eduardo persistiu. Lembra com emoção do início da Edú Veste, quando quase desistiu por falta de apoio. Mas foi precisamente nesses momentos que reafirmou o seu propósito: representar com orgulho a identidade africana e empoderar através da moda. “Lidar com a pressão de ser referência exige equilíbrio e humildade. Autenticidade não é negociável”, explica.
Hoje, a Edú Veste já é um nome de peso no panorama angolano e sonha alto: academias de formação em várias províncias, ateliês em África e na diáspora, colaborações com artistas e estilistas, e uma presença marcante na cena global. Eduardo visualiza um futuro onde a marca seja também um legado — que transforma, inspira e cria oportunidades.
Se tivesse de criar uma coleção para descrever Angola, ela incluiria tecidos tradicionais, cores da bandeira, silhuetas que dançam ao ritmo da kizomba e símbolos tribais que narram histórias de resistência e beleza. “Angola é cultura, força e renascimento — e a moda deve ser reflexo disso.”
Com uma voz firme e criativa, Eduardo Ngola ergue a bandeira da moda angolana com coragem, dignidade e paixão. A Edú Veste é, afinal, um hino à autenticidade, e o seu criador, um exemplo de que é possível vencer sem deixar de ser quem se é.







Texto: Gracieth Issenguele