Num mundo onde tudo parece efémero, resistem momentos ao tempo e pessoas que sabem traduzi-los em beleza. A estilista angolana Soraya da Piedade assinou não somente um vestido de noiva, mas um verdadeiro gesto de amizade e celebração ao criar o traje nupcial de Elisabeth Ventura.
Mais do que um casamento, viveu-se a consagração de um amor maduro, cúmplice e já consolidado na realidade, entre Elisabeth e o músico Cage One. Com dois filhos e uma caminhada partilhada há anos, o casal escolheu a simplicidade da intimidade para selar o que, para muitos, já era evidente: pertencem reciprocamente.

Soraya, que conheceu o casal no início da relação ainda nos bastidores de uma das suas colecções, foi a primeira a pressentir que aquela ligação seria duradoura. Anos depois, foi ela quem Elisabeth escolheu para dar forma ao seu sonho. Um gesto que ultrapassa a estética: é confiança, memória, laço.
“Casar a minha amiga foi como fechar um círculo bonito”, partilhou Soraya. E o vestido, claro, reflectia isso mesmo, feito com delicadeza, mas com a imponência de quem sabe que amar também é um acto de coragem.

Nesta cerimónia, onde não se ouviram aplausos de multidões, mas sim suspiros de verdade, o vestido foi somente a moldura de uma história que já nasceu completa. Porque há relações que não precisam de palco, baste-lhes o olhar, o gesto, o silêncio partilhado.
E foi assim que, entre linhas, promessas e memórias, Soraya da Piedade não vestiu somente uma noiva. Vestiu a continuidade de uma história que já era amor muito antes de ser casamento.








Texto: Suzana André