Nas redes sociais, eles aparecem com aromas doces, cores chamativas e promessas de serem “menos nocivos” que o cigarro tradicional. Mas por trás da fumaça sabor morango, melancia ou menta, os cigarros eletrónicos (vapes) e as shishas (narguilés) escondem perigos reais para a saúde dos pulmões e muitos desses riscos ainda são pouco conhecidos do público jovem, principal consumidor desses produtos.

Um dos maiores alertas da medicina pulmonar actual atende pelo nome popular de “pulmões de pipoca”, uma condição chamada bronquiolite obliterante. Essa doença rara e grave ficou famosa após afectar trabalhadores de fábricas de pipoca de micro-ondas expostos ao diacetil, um aromatizante usado para simular o gosto de manteiga.
E o que isso tem a ver com os cigarros eletrónicos e shishas?
Pesquisas recentes mostram que muitos líquidos usados em vapes contêm diacetil e outras substâncias tóxicas, como acroleína e formaldeído. Embora estejam presentes em doses menores do que nas indústrias alimentícias, o problema está na inalação repetitiva e direta para os pulmões algo para o qual o corpo humano simplesmente não foi projetado.

“É uma forma de exposição diferente, mas com potencial de dano significativo, especialmente para os jovens que usam diariamente”, explica a pneumologista Dra. Camila Torres. “Os bronquíolos vão sofrendo inflamações repetidas, e com o tempo surgem cicatrizes que impedem o ar de circular normalmente.”
Entre os problemas mais comuns observados em usuários frequentes de vapes e shishas estão:
• Tosse crónica e falta de ar;
• Irritação nas vias respiratórias;
• Redução da função pulmonar;
• Risco aumentado de bronquiolite obliterante (“pulmões de pipoca”);
• Dependência química da nicotina, especialmente em jovens.
Apesar da aparência moderna e do marketing amigável, vapes e shishas não são alternativas seguras ao cigarro. A ilusão da “fumaça inofensiva” pode custar caro à saúde respiratória de uma geração.
Como alerta final, a Dra. Camila reforça: “Nosso pulmão não foi feito para respirar vapor de químicos, nem mesmo os ‘naturais’. O ar puro ainda é o melhor combustível para a vida.”
Texto: Michela