Num Brasil cada vez mais marcado pela busca de conforto emocional, os bebés Reborn têm-se tornado protagonistas de uma tendência que desperta tanto fascínio quanto inquietação. Criadas com minúcia para imitarem bebés reais, estas bonecas super-realista ultrapassam a ideia de simples brinquedo e levantam uma questão delicada: estamos perante uma forma de terapia emocional ou um sinal de desequilíbrio psicológico?
Feitas à mão, com detalhes como veias, cabelo implantado fio a fio e pele com textura humana, os bebés Reborn conquistam um público surpreendentemente diverso. Mulheres que sofreram abortos, mães que perderam filhos, pessoas vivendo em solidão ou com quadros de ansiedade encontram nas bonecas uma companhia que parece aliviar a dor, ao menos momentaneamente.

Mas até que ponto esta prática é saudável? Psicólogos brasileiros dividem-se: alguns defendem o uso das bonecas como ferramenta terapêutica, sob acompanhamento clínico, enquanto outros alertam para o risco de fuga da realidade e reforço de traumas não resolvidos.
Nas redes sociais, vídeos de pessoas tratando os bebés Reborn como filhos dando banho, vestindo, alimentando e até levando ao médico causam espanto e debate. É consolo ou negação? Terapia ou surto emocional? A linha é ténue.
O certo é que o fenómeno não evidência sinais de desaceleração. O Brasil abriga feiras especializadas, lojas que vendem “kits” de “enxoval” e comunidades que partilham experiências como se fossem mães reais. Para algumas, é somente uma paixão estética. Para outras, é uma extensão do luto, da dor ou da necessidade de sentir amor incondicional.
O debate está lançado: os bebés Reborn são um espelho da alma, mas será que todos estão preparados para lidar com o que esse espelho reflecte?