Um grupo de paleontólogos, que inclui três angolanas, prepara documentação de informação recolhida de fragmentos de um réptil gigante marinho de 11 metros de comprimento, que faz parte do grupo das cobras e lagartos, denominado Mosassauro. Impresso em 3D do animal está num museu nos Países Baixos, já há financiamento para o trazer a Angola.

Após o período de pesquisa, numa expedição, na costa do Namibe, zona mais produtiva do mosassauro, o projecto Paleoangola pretende divulgar os resultados, cujo primeiro passo foi a impressão em 3D do esqueleto do animal, que está a ser exibido no Museu Natural de História Natural dos Países Baixos.
À Revista Chocolate, a paleontóloga Ana Soraya Marques, que integra a equipa de investigadores, mostrou-se determinante em trazer o esqueleto do animal impresso para o acervo angolano e intencionalmente fazendo-o coincidir com a produção de um documentário e brochuras, além de outras formas de divulgação dessa antiguidade.

“A ideia aqui é, quanto mais gente tiver acesso ao mosasauro e perceber que nós temos cá coisas que normalmente só se veem nos filmes, ou normalmente só associamos às coisas dos outros. Nós cá dentro também temos. Isso é giro”, justifica a cientista. Na verdade, estes argumentos são parte do leque que a fizeram render a confiança do ministro da Cultura para o cargo de Directora do Museu Nacional de História Natural, nomeada recentemente.
O projecto PaleoAngola denominou a campanha de divulgação do animal como: “Mosasaauro- o regresso do monstro marinho angolano”. A fundamentação convenceu a Fundação Bai, que o seleccionou como um dos vencedores do mais recente edital na área de cultura.
“Nós temos fósseis desses animais ao longo de toda a costa angolana, mas o Namib é o lugar mais produtivo, porque tem as rochas próprias onde encontramos esse tipo de fauna de animais. Os mosasauros eram animais gigantes, maiores do que a maior baleia actualmente”, explica.

Plano de chegada do Mosassauro
A campanha conta já com os apoios da Mondriaan Foundation e Embaixada holandesa. O financiamento da Fundação Bai, segundo explicou Ana Soraya Marques, destina-se a concretizar o plano de documentar a chegada do mosasauro ao porto, em Angola, ao transporte, à montagem, que culmina na exposição do esqueleto do animal.
“Ao longo desse trabalho, vão ser feitas entrevistas, vão ser feitas publicações na internet, vai ser gerado um livro, conteúdo para que possa ser divulgado nas escolas”, explicou a paleontóloga.
PaleoAngola é um projeto paleontológico e geológico de campo focado nos efeitos da abertura do Oceano Atlântico Sul ao longo do tempo geológico, de 130 milhões de anos até o presente. A área de actuação é Angola, segundo a Faculdade de Humanidades e Ciências Dedman, Instituto de Estudos da Terra e do Homem, o País foi escolhido por ser único da África onde rochas fossilíferas de idade e contexto apropriados são encontradas em afloramentos.
Para a empreitada “Mosasaauro- o regresso do monstro marinho angolano”, estão engajados cientistas angolanos e de diferentes partes do mundo: Ana Soraya Marques, paleontóloga; Nair de Sousa, geóloga; Maria da Cruz, assessora; Anne Schulp, professor e investigador; Mikael Polcyn, investigador; Louis Jacobs professor e investigador. Conta ainda com participação da Universidade Agostinho Neto e Universidade do Namibe
A geóloga Nair de Sousa, numa publicação no Instagram, em Novembro do ano passado, o mosassauro Bèr – estava incompleto quando foi pela primeira vez encontrado numa parede de calcários por Rudi Dortangs em Maastricht, 1998. Faltava a parte do focinho, as vértebras da cauda e entre outras partes importantes. Por muito tempo não se sabia exatamente a idade do mosassauro e como eram as suas partes que faltavam.
“Uma pesquisa recente em Angola mudou isso. O grupo PaleoAngola – o qual tenho a honra de fazer parte, deparou-se com um verdadeiro campo repleto de mosassauros e outros fósseis na costa angolana…”.












Texto: Pihia Rodrigues