A prática de adoção de nomes aos papas diferentes dos nomes de registo remonta há séculos, é inspirado dos primórdios do Cristianismo, quando Jesus substituiu o nome do apóstolo Simão para “Pedro”, reza a história. Este foi o nome, portanto, do primeiro papa.
O processo de escolha do nome ocorre durante o conclave, a eleição papal que chegou ao fim nesta quinta-feira, com a escolha do cardeal americano Robert Francis Prevost. Com a morte de Francisco, um colégio de 133 cardeais ficou responsável por eleger o novo pontífice para a Igreja Católica, numa votação que durou dois dias.

Após ser eleito, o escolhido deve responder a duas perguntas: Você aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice? e Como queres ser chamado?
A escolha de um nome que marcará o pontificado teve como referência, ao longo da história, homenagens a santos e papas antecessores, o que também revela afinidades com o modelo de liderança. O nome de baptismo, então, é substituído pelo nome pontifício, ritual semelhante a um “segundo nascimento” ao qual o Bispo de Roma é chamado após a eleição.
Esta, entretanto, não é uma obrigatoriedade do pontífice, desperta o portal Gazeta do Povo, uma das dezenas de meios que estiveram a acompanhar a cerimónia in loco. O papa pode manter o nome de nascimento, no entanto, a tradição tem sido seguida há séculos e é vista como um gesto simbólico com ecos políticos, espirituais e históricos.

Nomes mais usados ao longo da história
O falecido papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio em seu documento civil, foi o primeiro líder da Igreja Católica a usar o nome em referência a São Francisco de Assis, que remete à simplicidade e compromisso com os mais pobres e com a paz, premissa que, segundo o primeiro discurso do recém-eleito, vai seguir. Caso outro papa ao longo da história escolha este nome, Bergoglio passará a ser lembrado como Francisco I, enquanto o novo será Francisco II.
Entre os nomes que se tornaram mais comuns entre os 266 papas que até agora governaram a Igreja estão João, Gregório, Bento, Pio, Inocêncio, Leão e Clemente.
João é o nome mais frequente entre os papas. Ao todo, 21 pontífices escolheram ser chamados como o apóstolo ao longo dos séculos.
Gregório aparece em segundo lugar, com 16 usos; e Bento, em terceiro, com 15 (o número também difere por causa da antipapa Bento XIII, durante o Grande Cisma do Ocidente; por isso, o alemão Joseph Ratzinger escolheu o título Bento XVI ao ser eleito em 2005).
O nome Clemente foi escolhido 14 vezes, seguido de Inocêncio e Leão, ambos adotados por 13 papas. Já Pio foi o nome de 12 pontífices.
O inédito
Em 1979, o cardeal Albino Luciani, recém-eleito papa, trouxe um ineditismo para a Igreja Católica ao usar um duplo nome, referente a dois apóstolos. “Chamar-me-ei João Paulo”, declarou na ocasião. Ele justificou que não tinha “a sabedoria de coração” do papa João, nem a preparação e a cultura do papa Paulo. “Estou, porém, no lugar deles e devo procurar servir a Igreja”, disse. Seu curto pontificado, de apenas 33 dias, foi sucedido pelo polonês Karol Wojtyla, que adotou em sua homenagem o nome de João Paulo II.
Uma curiosidade é que nenhum pontífice escolheu novamente o nome Pedro, em respeito ao que representa o apóstolo de Cristo, primeiro papa da Igreja Católica.
Texto: Redacção
Fontes:
gazetadopovo.com.br
vaticannewz.va.pt