Celebrado a 30 de Junho, o Dia Mundial das Redes Sociais é um convite global à reflexão sobre o impacto que estas plataformas exercem sobre a forma como nos relacionamos, informamos e expressamos. Num mês tão simbólico como Junho, dedicado às crianças, esta data ganha um peso ainda maior, pois obriga-nos a olhar com atenção redobrada para a presença dos nossos filhos no mundo digital.

Vivemos numa era em que a infância já não se desenrola apenas nos quintais, nos brinquedos de pano ou nas brincadeiras de roda. Hoje, os “playgrounds” muitas vezes estão dentro de ecrãs, e os amigos são perfis com filtros. As redes sociais, com todos os seus encantos e perigos, chegaram às mãos das crianças sem manual de instruções. E é justamente aí que os pais e educadores precisam agir.
O que me inquieta e o que desejo chamar à atenção é que muitos pais ainda confundem presença com vigilância e amor com permissividade. As redes sociais não são apenas espaços de partilha inocente: são arenas onde valores são moldados, autoestima é negociada a cada curtida, e onde o perigo pode esconder-se por trás de um emoji sorridente.
No mês da criança, reafirmamos que cuidar dos pequenos não é apenas alimentar, vestir e educar na escola, é também protegê-los do excesso de exposição, das comparações tóxicas, dos desafios virais perigosos, das influências vazias e das mensagens que minam sua identidade em formação.
Convido os pais a refletirem:
Sabem em quais redes os vossos filhos estão presentes?
Conhecem os conteúdos que eles consomem?
Têm conversas honestas sobre o que é saudável ou não nas redes?
É urgente substituir o “deixa estar, é só um vídeo” por “deixa ver, o que estás a ver?”. Substituir o silêncio pela escuta activa. Mais do que proibir, é preciso dialogar, educar, acompanhar.
As redes sociais vieram para ficar, mas a infância, essa sim, passa rápido e não volta. Que sejamos adultos atentos, presentes e digitais com responsabilidade. Se queremos que as redes sociais sejam pontes e não abismos para as nossas crianças, o primeiro clique de mudança tem de partir de nós, os adultos.
No mês da criança, sejamos redes de proteção, não espectadores distantes.
Imagem: UN News
Texto: Winia Silvana