Ambígua, hermética, ousada, transgressiva, determinada, inconformista. Numa palavra: indefinível, pois assim que se tenta defini-la, ela já se reinventou, o que faz de Janelle Monáe uma criatura impossível de classificar. Janelle é Janelle!
Forjada pela árdua vida de Kansas City e filha de uma contínua e de um motorista de camiões do lixo, Janelle Monae resultou numa mulher com estilo e talento de sobra. O seu último álbum, “Dirty Computer”, lançado cinco anos depois “The Electric Lady”, mostra claramente aos poucos que ainda não a conheciam, o porquê de estarem muito atrasados na sua admiração por ela.
Letras sem filtros que combinam com sons sofisticados e mordazes, mais ou menos pop, rap, ou balada. Incrivelmente elegante e sexy, Monae nunca é exagerada, mas sempre agradavelmente não convencional e surpreendente.
Monáe entrou na música com uma identidade regulada por leis e regras inventadas por ela: há anos que tem como imagem de marca fatos masculinos revisitados num estilo mais ousado e feminino com um toque Dandy.
Estilo dos pés à cabeça! E isso inclui a sua coroa: o seu cabelo, que faz parte da sua imagem e identidade, tal como os fatos. É frequente vermos a artista a exibir orgulhosamente os penteados mais singulares e ousados que se possam imaginar. Rainha do New Soul, Janelle é um dos personagens mais originais da indústria musical desta era, ditando inúmeras tendências de estilo por todo o mundo. Além de uma voz notável e looks sem par, é a sua famosa poupa que acaba por dar aquele toque final na sua imagem impecável, num corte estilo rock’n’roll dos anos 1950/1960, que remete a certos cabelos “verticais”, como o de Little Richard e de vários outros pioneiros do rock.
Nunca tentou incorporar o papel do símbolo sexual, antes, delineou imediatamente a sua própria poética específica, inventando um alter ego: a andróide Cindi Mayweather, que segundo a própria, ‘’permitiu-me manter as minhas vulnerabilidades e a minha verdadeira identidade seguras’’. Durante anos deu entrevistas e participou em eventos sociais na pele do misterioso andróide, sem ter de se expôr muito, concentrando-se sobretudo na arte, música e a sua paixão: ficção científica.
Uma mulher tão perfeita que chega a ser detestável. Muito boa atriz, uma belíssima modelo, uma cantora poderosa e ultra talentosa, dona de uma produtora independente…. E não só isso! Liberal, tanto em pensamento quanto orientação sexual, porta-voz dos direitos dos afro-americanos, feminista fervorosa e politicamente comprometida, não há nada que não faça com graça e beleza.
Muitas são as qualidades que a tornam inimitável: um estilo impecável, como uma estrela dos musicais da MGM; um poder cénico; um funk de James Brown; um charme andrógino de um jovem Bowie; uma alma infundida de um Prince; uma rebeldia de uma Grace Jones; uma música cool de um Motown dos anos 60; um rock futurista dos anos 70; uma virtuosidade de um jazz de Coltrane; uma originalidade de ficção científica de um Philip K. Dick; e um activismo político social de Nina Simone!
Janelle Monáe Robinson não é apenas uma cantora excepcional que decidiu reinventar a Soul Music, mas é também uma mulher extraordinária, consciente, e dona de um estilo, que apesar de ser só seu, todos querem reproduzir e adoptar!