É só uma palavra. Duas letras, um som seco e directo: “Ok!”.
Mas basta ela aparecer numa mensagem ao chefe, e de repente, o ambiente muda. Frio, tenso, silenciosamente julgado, por quê?
Vivemos numa era em que a forma diz tanto quanto o conteúdo, especialmente no ambiente profissional. Dizer apenas “ok!” a um superior hierárquico é muitas vezes visto como um atalho emocional, um corte abrupto, como quem diz “tá, tanto faz” ou “não me importo tanto assim”. Mesmo que a intenção tenha sido neutra ou até colaborativa, a leitura emocional pode ser outra.

A verdade é que “ok!” virou uma espécie de resposta preguiçosa e ambígua. Curta demais para mostrar entusiasmo, seca demais para transmitir respeito, rápida demais para parecer que se pensou no que foi dito, e quando vem de baixo para cima, ou seja, de um subordinado para um líder, muitos leem como um sinal de desdém, falta de reverência ou até desafio.
Mas nem sempre é rebeldia, às vezes é só geração, para os mais jovens, “ok!” é funcional: confirma recebimento e segue-se em frente, para os mais velhos ou mais experientes, especialmente num contexto formal, falta ali o tom, o “entendido, obrigado”, o “estou a tratar”, o “compreendido, seguirei conforme orientado”. Falta a cortesia, o profissionalismo embutido na linguagem.
No fundo, o incômodo não é com a palavra, mas com a leitura emocional que se faz dela. E é aqui que mora o desafio: no mundo do trabalho, não comunicamos só com palavras, mas com o que elas insinuam, quem entende isso, vai além do “ok!”.
Sabe quando deve escrever mais do que precisa, sabe que, às vezes, um “entendido, obrigado pela orientação” abre portas onde um “ok!” apenas tranca o diálogo. Porque na vida profissional, quem sabe comunicar, sobe.
E quem se esconde na neutralidade do “ok!”, muitas vezes, não percebe que está a dizer muito… sem dizer quase nada.
Texto: Wínia Silvana