No coração do Benim, uma das tradições mais emblemáticas e espiritualmente marcantes é a do Zangbeto, uma figura mascarada que, há séculos, desempenha o papel de guardião da noite. Oriundo da cultura do povo Goun, o termo “Zangbeto” deriva de “zan” (noite) e “gbeto” (caçador), significando literalmente “caçador da noite”.
Coberto por fibras coloridas, palha ou tecido, o Zangbeto percorre as ruas das comunidades durante a noite, afastando o mal, impondo ordem e vigiando as práticas sociais. Não é considerado uma simples pessoa mascarada, mas sim um ser espiritual que entra em transe, canalizando forças sobrenaturais. Por isso, é altamente respeitado pela população.
A sua presença não só reforça o sentimento de segurança como também mantém vivas as tradições ancestrais, representando uma ponte entre o mundo físico e espiritual. Em muitos bairros, a figura do Zangbeto substitui as forças de segurança formais, sendo vista como símbolo de justiça comunitária.
Segundo o site Benin Tourisme, além da sua função como guardião, o Zangbeto também desempenha um papel crucial na preservação ambiental. No sul do Benim, comunidades têm integrado rituais do Zangbeto para proteger ecossistemas frágeis, como os manguezais, demonstrando a adaptabilidade desta tradição ancestral às necessidades contemporâneas.
Mais do que uma figura folclórica, o Zangbeto é um verdadeiro pilar cultural no Benim, lembrando que a sabedoria tradicional continua a desempenhar um papel essencial na organização social africana contemporânea.