O emblemático músico brasileiro Martinho da Vila manifestou, na passada segunda-feira, o desejo de realizar um espetáculo de maiores dimensões em Angola, desafiando os produtores nacionais a apostarem num evento com um público mais abrangente e acessível.
A declaração foi feita durante a conferência de imprensa que marcou o lançamento oficial do concerto que o artista realiza amanhã, às 21h00, no Centro de Conferências de Belas, em Luanda. Conhecido pela sua forte ligação a Angola, Martinho relembrou as suas atuações no país e o carinho do povo angolano, que o levou a ser reconhecido como embaixador honorário de Angola e Cidadão Angolano.
“Depois da independência de Angola, muitos angolanos viajavam para o Brasil e a pessoa que muitos deles conheciam era eu. Apresentava os vários pontos do meu país, por essa razão ganhei o nome de Cidadão Angolano”, revelou o músico.
Segundo o empresário Áurio Gama, responsável pela organização do espetáculo em parceria com a LS Republicano, a escolha de Martinho da Vila representa a valorização dos laços históricos e culturais entre Angola e Brasil. Ainda assim, o elevado custo dos bilhetes — 100 mil kwanzas por pessoa e 2 milhões por uma mesa de 10 — levantou questões sobre acessibilidade.

Gama esclareceu que o valor se deve à logística e infraestrutura necessárias, uma vez que a ideia inicial era realizar o concerto na Baía de Luanda, mas a instabilidade climática de abril obrigou a organização a optar pela Tenda do Centro de Conferências de Belas, local mais seguro, porém mais dispendioso.
“Num espaço maior poderíamos cobrar menos e alcançar mais pessoas, mas com as chuvas e a agenda apertada do artista, tivemos de optar por esta solução”, justificou.
Apesar das limitações atuais, Martinho da Vila deixou clara a vontade de regressar com um espetáculo popular, acessível e num espaço que acolha todos os que o querem ver. Um desafio lançado à produção angolana — e uma promessa de que o samba ainda tem muito para encantar em solo africano.


Texto: Gracieth Issenguele