O artista angolano Januário Jano integra a seleção de criadores africanos presentes na exposição internacional de arte contemporânea “Sensibilités Vaudou”, patente até 20 de setembro, na cidade de Bonnieux, no sul de França. A mostra, organizada pela Fundação Blacheré, reúne obras de mais de 20 artistas africanos e destaca a influência das tradições religiosas do continente na produção artística atual.
Inaugurada a 3 de abril, a exposição propõe um percurso que cruza arte, espiritualidade, filosofia e política, a partir da herança Vodu — uma tradição ancestral dos povos Jeje-Fon do Benim — reinterpretada na contemporaneidade. Segundo a Fundação, trata-se de “um projeto ambicioso, respeitoso e apaixonado”, que pretende aproximar o público europeu das matrizes culturais africanas.
Nascido em Luanda e atualmente dividido entre Luanda, Londres e Lisboa, Januário Jano é reconhecido pela sua prática multidisciplinar, que abrange escultura, instalação, performance, vídeo, fotografia e som. Com mestrado em Belas Artes pela Goldsmiths University of London, o artista centra o seu trabalho na identidade cultural e pessoal, explorando narrativas históricas e contemporâneas, frequentemente em diálogo com questões de globalização e interdependência cultural.
A sua obra integra prestigiadas coleções públicas e privadas, e o seu percurso internacional tem sido consolidado com exposições regulares desde 2015. Para além da criação artística, Jano tem desempenhado um papel ativo no desenvolvimento cultural angolano, sendo fundador do colectivo “Pés Descalços”, dedicado à promoção de projetos artísticos e culturais em Angola, e responsável pela organização do TEDx Luanda desde 2012.
Com esta participação em Bonnieux, Januário Jano reafirma-se como um dos artistas angolanos mais relevantes da atualidade, capaz de transportar para o cenário internacional reflexões profundas sobre memória, identidade e pertença, através de uma obra que conjuga tradição e modernidade.

