Em entrevista à Revista Chocolate, Moreno Paim revelou a essência de um percurso artístico marcado pela liberdade e pela pluralidade de talentos.
Moreno Paim é, acima de tudo, um espírito livre. Aos 15 anos, quando muitos ainda procuram descobrir quem são, ele já se afirmava como profissional da televisão, mergulhando num mundo artístico que o acompanha até hoje — música, moda, teatro e jornalismo. “Eu sou eclético, sempre fui. Nunca gostei de fazer apenas uma coisa, e em cada área me dedico de corpo e alma”, afirma.

A sua formação artística começou cedo, entre danças, palcos e narrações nacionais. Não por vaidade ou fama, mas por paixão: “Na minha época não era sobre dinheiro ou notoriedade, era sobre satisfação pessoal. A televisão entrou nessa mesma linha: disciplina e respeito por cada ofício.”
Essa postura, no entanto, já o levou a enfrentar julgamentos. Ser parte de uma família com tradição artística fez com que muitos associassem o seu talento a uma “vantagem desleal”. Moreno admite que, no passado, tentou se afastar dessa ligação para provar o seu valor, mas hoje vê as coisas de forma diferente: “As origens não se rejeitam. Se herdei da minha família esse lado artístico, é motivo de orgulho. A união fortalece, e com eles as coisas fluem.”
Na moda, o criador defende a diferença como motor da criatividade. Não se prende a padrões e ousa combinar tecidos tradicionais africanos com jeans e cortes ocidentais, criando peças que fogem ao esperado. “A diversidade é a minha marca. A novidade chama atenção, e eu quero oferecer sempre esse frescor.”

Mesmo com a visibilidade conquistada como jornalista na Televisão Pública de Angola, Moreno separa bem os papéis. O acesso privilegiado a informações pode influenciar o seu olhar crítico, mas a inspiração para a música nasce das ruas, das festas e dos convívios populares. “Quando faço música, desligo-me da televisão. São mundos diferentes.”
Aos 40 anos, Paim reflecte sobre a trajectória: “Já fiz muita coisa, já participei até em novelas e minisséries. O futuro pertence a Deus. Eu sou aberto a novas experiências, mas, por enquanto, estou feliz e focado no que faço. Não vivo preso a regras nem padrões.”
Moreno Paim é o retrato de um artista que abraça todas as suas faces sem se perder em nenhuma. Um criador movido pela disciplina, pela autenticidade e, sobretudo, pela liberdade.

Publicado por: Miguel José